Quando eu era pivete, no
começo da década de 1990, algumas bandas nacionais estavam em maiores
evidências graças as revistas e gravadoras, então eu era muito fã do Sepultura
e do Viper. Quando comprei o Schizophrenia me deparei com a letra de "To the
Wall", que era de Vladimir Korg. Como ela destoava positivamente em
relação às demais, muito por causa da temática contestadora da mesma, fiquei
fascinado por aquele som. Por volta de 1993 eu conheci o The Mist e pirei. O
The Hangman Tree é um de meus favoritos de todos os tempos até hoje. E foi esse
álbum, que junta Jairo Guedes, ex-Sepultura, e Vladimir Korg que me fez ver o
metal de uma forma diferente. Quando comprei o box "Abominable Anno Domini
+ Living with the Pigs +Deadland", Korg já era pra mim um dos maiores
intérpretes que eu tinha ouvido.
Infelizmente esse Deadland
não é referência na carreira do Chakal, apesar de ter momentos bem intimistas e
experimentais. Depois dele, o Mark voltou e os caras lançaram o excelente
"Demonking", com direito a cover do Death e tudo. Mas os caras não
pararam e eis que vejo comentários que um novo CD viria em breve. No final de
Dezembro de 2013 ele já estava pronto e só posso dizer uma coisa: que CD maravilhoso!
A temática de todo o CD gira
em torno do terror. Nele se aborda exorcismo, vampiros, lobisomens, suicídio,
demônios, lendas Gregas... O que falar do time? Korg ainda grita como um garoto
e até diversificou mais sua linha vocal pois agora também apresenta momentos
com vozes mais guturais, sem contar que é um dos letristas mais criativos e
inteligentes do Brasil. Andrevil "Cabelo" segura muito bem as bases
de guitarra (desde o Deadland) e ainda produziu muito bem o trabalho. Mark tem
uma classe ímpar pois despeja toneladas de riffs ao longo das faixas e quando
sola parece encaixar cada nota com precisão cirúrgica. O "novato"
Cassio Corsino tem o baixo discreto em algumas faixas, mas segura bem a cozinha
junto com Wiz, que mesclou muito bem o trabalho tradicional de bateria thrash
mas incorporou pedais duplos, batidas mais death metal e até hardcore.
Antes do CD sair, duas das
músicas (Headshooting for Dummies e Possessed Landscape) já tinham sido
divulgadas pela banda e, sinceramente, deram um enorme gostinho de "quero
mais" ao álbum. Logo nos primeiros acordes e gritos de "Exorcise
Me" já se nota uma produção clara, um instrumental forte e uma letra forte
("Se você estiver errado, morre. Se eu estiver errado, exorcise me,
pai"). O clima não baixa em "Killing Van Helsing" que é a faixa
mais longa e variada do CD. Outra faixa que destaco é a faixa-título, bem crua,
direta e cheia de climas. "God of Gore" é meio hardcore, meio thrash
e com solos made-Mark. "Equinox" tem um dos vocais mais agressivos
que ouvi de Korg até hoje. Também é uma música meio diferenciada mas muito
legal. Fechando com chave de ouro, "Possessed Landscape".
O encarte também é um show a parte e cada faixa tem sua simbologia
auto-explicativa e letras. Um detalhe interessante é que este CD não foi
lançado por uma gravadora e sim prensado de maneira particular e distribuído
nos canais da própria banda (facebook.com/chakalconnection), o que vem provar
que os caras tem muito mais garra que antes. No geral, é um álbum muito coeso e
sincero, sem exageros ou deficiências. Resta saber quando poderemos ver Korg e
asseclas apresentando estas maravilhas ao vivo.
(por Léo Quipapá)
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